sábado, outubro 19, 2002

 
AINDA DAS DUALIDADES

E retomando akele papo com o Balbi, tempos atrás, apreciando a vista do Arpoador, sobre a dualidade da mulher.

Esse papo mesmo eu comecei por causa da discussão q estava rolando no forum da XGAM (Xenogears: God and Mind, site atualmente falecido :-(...), muito produtiva, por sinal. Começou por causa do jogo (Xenogears é um jogo razoavelmente desconhecido e maravilhoso pra Playstation, um dia ainda falo direito dele aki), como muitas começam, em cima de duas personagens que, dentro da própria narrativa do jogo, eram assim por dizer "arquetípicas" (e q acabam se fundindo numa mulher só; huh... é complicado pessoal. Xenogears é complicado mesmo). Aí alguém, um homem, com certeza, apontou semelhanças entre as duas personagens e os dois lados de mulheres na vida real; eu imediatamente retruquei mostrando as figuras da Sacerdotisa e da Imperatriz, mas na verdade o simbolismo do Xenogears me pareceu tão bom, mas tão bom q estou achando melhor usar ele agora do q o próprio Tarô.

*****SPOILERS********

Infelizmente vão sair um ou dois spoilers nessa brincadeira, mas como duvido q alguém aki jogue Xenogears ou pretenda jogar... bom, é a vida. No mundo de Xenogears, existia um ser que era a Mãe; ela quem gerou os Treze primeiros, e estes, por sua vez, a fecundaram, gerando o restante da raça humana. Mas havia também Abel, o primeiro Contato, o único q estava lá antes da criação. Abel havia amado uma moça, tempos antes. E qdo viu a Mãe, o q ele viu foi akela moça, q chamava de Elly. Então a Mãe se dividiu em duas Mães, pq parte dela também amava Abel, e essa parte se tornou Elly, ou o Anti-type, akela q foi ccriada como o complemento ao Contato. O restante da Mãe permaneceu como incumbida de reger os caminhos da humanidade, e junto ao Imperador, seu filho mais velho, ter certeza de q os desígnios de Deus (esse Deus aí não é quem vc está pensando, mas deixa pra lá) seriam cumpridos. Assim, estes quatro estavam destinados a reencarnar inúmeras vezes para cumprir seus papéis, até o dia do Julgamento.

Elly é uma mocinha de longos cabelos ruivos e olhos claros. Seu sorriso derrete o coração do mais frio dos homens, sua voz acalma todas as iras, sua compaixão por tudo e por todos não conhece limites. É tímida, não sabe se expressar bem, e quase sempre sente que tem um dever a cumprir para com os outros; qdo essa sensação lhe foge ao controle, tende a cair em depressões, tem súbitas mudanças de humor, e chegou a desenvolver dependências profundas. Mas é a Mãe da Igreja, e seu dever é cuidar e proteger a todos, aliviar o sofrimento e trazer o amor, nem que para isso tenha de dar o próprio sangue - o que é seu destino inevitável: dar a sua vida, para que o Contato possa viver. Como se pode ver, ela conhece o Segredo da vida, pq ela tbm foi a geradora de todos os seres, e assim guarda, dentro de si, tudo sobre todos eles, mas não usa esse conhecimento para nada.

Já o q restou da Mãe tornou-se Miang. Miang não nasce, ela já está no sangue de cada mulher, e qdo precisa, toma o corpo dela. Qdo o faz, os cabelos de sua hospedeira adquirem um tom azulado alienígena, e seus olhos um brilho vermelho. Ela é astuta, desinibida, inescrupulosa, e de uma sensualidade transbordante (até pq quase sempre escolhe as melhores hospedeiras;-)). Ela tem um objetivo a cumprir, e para isso não mede esforços, usa todas as armas de q dispõe, manipulando pessoas, especialmente homens, como fantoches; e sempre consegue o que quer. Miang é o Poder por detrás do Poder em todas as eras: a consorte do general, a amante do Rei, a secretária do 1° Ministro. Era seu jeito preferido de fazer valer seu objetivo q, como já dito, era manter os desígnios de Deus - afinal, ela é uma força de estabilidade.

E é claro, Miang era uma despudorada. Vc vê isso mesmo q o jogo não mostre nem trate muito do assunto. Ela não tem pudor do próprio corpo, não tem pudor de dar por interesse, nem muito menos de seduzir, mentir... até pq é uma coisa que ela tem q fazer, pra conseguir cumprir seu propósito.

Bateu em algum lugar da sua cabeça, aí? Aposto q sim.

O único problema dessa simbologia, no Xenogears, é q a visão é MUITO parcial: Miang é a vilã, bom, uma das maiores vilãs, Elly é a boazinha. Ponto pacífico. O jogo não vê o lado bom da Imperatriz. Ainda assim, o final dessa brincadeira é bem adivinhável: Miang possui o corpo de Elly (eu avisei q tinha spoilers), as duas tornam-se, novamente, uma só. Ela deixa de ser boazinha qdo faz isso, mas acontece. É inevitável. E sabe o melhor? Assim como o Contato (leia-se Mago) separou as duas, é Ramsus (ou Ramses, reencarnação do Primeiro, o Imperador) quem irá matar a hospedeira de Miang, obrigando-a a unir-se a Elly.

Tá certo, muito bonito. Mas e a vida real? A vida real, em poucas e boas, é: assim como a mulher ama o Mago, mas casa-se com o Imperador, o homem ama a Sacerdotisa, mas trepa com a Imperatriz. "Mas e com quem ele casa?" Pro homem, Isso não é tão importante. Preconceito? Exatamente, pré-conceito arquetípico, e veja se impede a ótica aquariana de igualdade distorcida (esse papo de q homem e mulher são iguais sem tirar nem por é coisa da Era de Aquário, inda falo nisso um dia) de ficar no seu caminho qdo eu digo q homem não liga pra casamento. Não mesmo. Casar com a Sacerdotisa ou com a Imperatriz, tanto faz; o q o homem não sabe é quem ele vai amar e quem ele vai fuder, e na cabeça dele é isso que não se consegue juntar.

Duvida? De onde vc acha q veio esse negócio de "pecado primordial"? Pq Eva, ah, puxa vida, justo a doce e virgem Eva, justo ela foi fazer safadeza, assim num dá. E a Virgem Maria? E a castidade das Freiras? O temor que os padres têm a nudez? Os trovadores, os poetas barrocos e românticos, o amor cortês? O respeitoso doutor q em casa faz um papai-e-mamãe pra ter nenêm, mas de madrugada foge prum puteiro e apronta o diabo? Fulaninha q fica com todo mundo e é tachada de piranha? É pq, na mente dos homens, ou melhor, na Alma dos homens, a Imperatriz e a Sacerdotisa não se misturam, o Amor e o Prazer são antagonistas.

"Ah, mas eu sou mulher e tbm tenho isso". Bom, pra começo de conversa, toda mulher tem um pouco de homem nela e vice-versa, esse papo é velho. Tbm tem homem q se divide entre Amor e Segurança, pô. Mas arquetipicamente falando, dividir-se numa coisa é masculina, e na outra, feminina. E segundo de conversa, ainda estamos numa sociedade patriarcal e estivemos assim pelos últimos 6.000 anos pelo menos.

Como Elly e Miang, porém, e como com o Mago e o Imperador, o único jeito de solucionar a dicotomia é fundindo ambas numa só. Novamente, mais fácil falar do que fazer, mas tem q se tentar. Pois no final teremos problema semelhante ao q deixei qdo falei do problema do homem tentando representar seu papel: é possível à Imperatriz amar? Ou só a Sacerdotisa é capaz de fazê-lo?

Mas ainda outra pergunta, esta insolucionável, deixou-me o Balbi nakele entardecer do Arpoador meses atrás, qdo contei a ele a mesma história q repeti acima: afinal será q, assim como o Contato separou a Mãe em duas, é o homem quem divide a mulher em duas? Aparentemente sim, não é? E o contrário, tbm é válido?

Não q eu vá conseguir responder, mas isto ainda continua...
posted by Heitor 7:46 PM

 
ERUDITISMO POUCO É BOBAGEM

Este é um post besta.

Sou muito grato ao Zoréio por ter me emprestado seu exemplar de "O Aleph", de Jorge Luís Borges... e venho por meio desta dizer, q se akele velhote cegueta já não estivesse morto faz tempo, eu estava indo pessoalmente a Buenos Aires arrebentar a cara dele agorinha mesmo.

VAI JUNTAR REFERÊNCIA POR PARÁGRAFO ASSIM NA CASA DO CARALHO!

Porra! Vc vai lendo os contos, e parece que ele sabe tudo de cada pergaminho q foi escrito desde o início da civilização egípcia! Gregos, romanos, franceses, italianos, árabes... tudo de erudito q já foi feito na face da terra passa pelas páginas pra te dizer um oi. E o mais incrível, é q ele faz akilo por diversão, ele está brincando de argumentação clássica e usando como pano de fundo pra alguma história maior.

Mas sabe o q é pior? Ele não era muito velho qdo fez isso! Dá vontade de matar...

PS:Lógico q isso é leitura obrigatória pra qquer um. Eu mesmo estou muito arrependido de só ler agora.
posted by Heitor 3:20 PM

 
ERA IMPRESSÃO MINHA?

Era só eu, ou vc tbm sentiu um que de regressão nos últimos tempos? Assim, eu quero dizer em todas as escalas, do mundial ao pessoal. Se eu tivesse uma cópia das Efemérides, podia conferir a hípótese, mas pode apostar que tinha um planeta regredindo agora há pouco; se bobear ainda está, mas acho q não.

Planeta regredido é o q está andando pra trás. Não, não sou idiota, é claro q não existe órbita assim, ele anda pra trás em relação à Terra - q é onde vc vive e, por consequência, o q te interessa, certo? Bom, foda-se, não vim falar de astrologia, não. Só a imagem do planeta regredindo q acho q ajuda.

Bom, então. Não sei dizer, não. Andei tendo uma impressão de regressão, algumas coisas meio q voltaram na vida, o tempo pareceu q deu pra trás. Pensei q talvez fosse só eu e não o mundo, mas andei perguntando a alguns q concordaram, tanto em escala pessoal qto mundial: o Lula está ganhando, o Bush declarando guerra ao Iraque, o Empório voltou a ser point, todas as pessoas q iam na Bunker frequentando a Fun House, coisas assim... Lá no blog dela, a Menina da Lua já está falando na renovação, mas aki do meu lado tenho sentido uma estranha atração pela minha velhíssima coleção de HQ q pra mim não é senão a continuação disso. Ou será q "qto mais as coisas mudam, mais continuam as mesmas" e só agora a gente está reparando?

Diz aí, fez algum sentido isso?
posted by Heitor 3:10 PM

 
OUTRA DAS DUALIDADES, continuada

Uma das coisas peculiares dessa dicotomia Mago x Imperador é que via de regra o narrador (só pq estou falando de narrador não quer dizer q esteja falando de ficção; o narrador da sua vida é vc) toma o partido do primeiro. Aliás, se a gente sentar pra fazer uma pesquisa, aposto q metade dos vilões de todas as histórias (e estórias) da humanidade batiam com o arquétipo Imperador. E pode assinar embaixo disso: vc pode até ver alguns vilões q estão mais pra Diabo, e em algumas ocasiões raras tem até um Louco ou outro, mas qdo o antagonista é uma pessoa (e não uma circunstância, nesse caso provavelmente é a Morte ou a Torre), homem (se for mulher... hm, falo disso depois), então quase certo ser tipo Imperador.

Claro q é uma visão negativista do dito-cujo. Acho q o q ilustra muito isso, é a própria variedade de retratos do Imperador: no baralho de Marseilles, o mais tradicional de todos, ele é visto mais como sinal de prosperidade, abundância, e firmeza de propósito. Acho q foi só no baralho Rider, muito mais recente, q esse retrato mudou: no Rider, o Imperador está sentado sobre um trono de Pedra, nenhuma vida surge por entre as paredes do seu Castelo. O do Marseilles nem mesmo estava lá muito sentado! O Imperador Rider é praticamente um tirano, controlando tudo com mão-de-ferro, dá pra sentir isso no mero olhar do bicho; olhando pra carta vc chega a pensar: "se eu falasse uma beesteira na frente desse sujeito, tava fudido de verde e amarelo".

E os vilões de hj em dia são quase todos tiranos. É, sei lá, pense aí... nem precisa ficar na ficção não. Qquer "tirano" é um Imperador. O Hitler, por exemplo; e daí q ele era doido? Era um tirano, muito mais do q um doido. Caramba, a própria URSS era o "Império do Mal". Não precisa nem chegar perto do "Guerra nas Estrelas", onde o vilão era, de fato, um Imperador... nem estou conseguindo pensar em muitos. Faça o trabalho sujo aí, eu vou seguir o raciocínio.

Essa atitude frequentemente me irrita. Não é sempre, não. É só qdo eu me sinto como o Pisandro, tipo: "quer dizer, q mesmo eu aki, dando tudo de mim, te apoiando desde sempre, oferecendo tudo que eu posso, vem esse filho da puta do nada e te rouba de mim? Q negócio é esse?" Essa atitude meio "pai" (pais devem se sentir assim). Pq na verdade, na verdade, eu não sou nenhum poço de estabilidade não... na maioria das vezes, com relação à maioria das coisas, eu ajo muito mais como Mago - e tbm pudera, eu ainda sou novo, idealista e, espero sinceramente, criativo. Só q tem situações... em q é diferente. Especialmente com mulher; com outras coisas tbm, mas com elas especialmente. É por isso q Moulin Rouge me tirou o sono, pq eu não acho q seria o Ewan MacGregor, não. Não sou amalucado feito o personagem dele; eu jamais sairia por aí vendendo roteiro de peça pra donos de cabarés/puteiros, me alojando em motéis fedidos. Até acho uma atitude legal, mas não faria. Eu gosto de acordar e fazer o meu Nescau, gosto de comer comida feita em casa, gosto de ter meu computador, minha coleção de revistas em quadrinhos e um forno-microondas mais velho q minha irmã. E gosto de namorar, e de gostar de uma mulher só, de cada vez, gostar dela por muito tempo e só namorar depois de conhecer direito. Ou gostaria, pq isso, claro, nunca acontece; mas gostaria.

É errado, isso? Quer dizer, porra! Será q não se pode levar uma vida mais tranquila, agir de maneira mais tranquila, e ainda assim ter amor não? Segundo o Barz Luhrman, pelo visto, são coisas mutuamente excludentes, e ele não é o único a dizer isso. E mesmo eu, qdo fiz o Pisandro, apesar de manifestamente enraivecido com a situação q, inevitavelmente, favorece o Mago, não dei um final feliz pra alternativa. Meu narrador-protagonista foi o Imperador até o fim, mas isso só fez dele um merda (se vc não contar Intéllego, claro;-)). Afinal, o Mago é mesmo o único protagonista possível de uma história de amor?

Não olhem pra mim, não sou eu q vou saber responder.

A seguir, falemos das mulheres... mas dêem um tempo pra minha cabeça, antes.
posted by Heitor 4:13 PM

Bem-vindos! O blog mudou de hospedeiro, mudou de cara, largando aquela coisa de template temático, mas continua a mesma parada tosca.

BONILHA BLOG não é um projeto, não é uma experiência, é apenas um lugar onde posso escrever publicamente o que quer que ache interessante, para quem quer que ache interessante poder ler.

QUEM É VOCÊ?

Heitor Coelho, na casa dos vinte, atualmente no limbo entre bacharelado e advocacia, magalômano, ponto focal de convergência de interesses esdrúxulos, frequentemente confundido com Hector Bonilla, acredita em dialética, astrologia e robôs gigantes.

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BREVE:

Xenosaga: Episode 2! Haradrynn! Tao 2! E mais referências pseudo-intelectuais do que você poderia contar nos dedos!

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Para você ler online, ou baixar para ler no seu computador. Um estoque permanente de toda minha "extensa" obra literária!

PS: Parei com aquela porcaria de legenda, aquilo dava muito trabalho...

CONTOS:

"APRENDIZ DE FEITICEIRO"- este é dos velhos. Magos infestam um futuro apocalíptico(q, aliás, já passou;-)).

"O ARNALDO É LOUCO" - crônica escolar, sobre meu antigo professor de matemática.

"OS DIAS NEGROS DE KRYNN" - ainda mais velho, meu primeiríssimo. D&D puro, se vc num gosta, fique longe.

"DEZ REALIDADES" - coletânea de dez pequenos contos ligeiramente interligados.

"DESCRENÇA EM 6° CÍRCULO" - menos D&D q Dias Negros, mas muito maior. Velhos companheiros de aventura reencontram-se, agora como inimigos.

"É, MAURÍCIO..." - o trágico fim de Maurício Razi?

"A TERRA DA DEUSA FURIOSA" - uma expedição rumo ao desconhecido e um final inusitado.

"NÉVOA PRATEADA" - a sequência de "Aprendiz de Feiticeiro".

"MOLHADO" - um assento de Ônibus molhado e muita realidade consensual.

"MATRIZ" - pequena sequência de estórias passando-se na Casa da Matriz, aki no Rio.(antes q vc pergunte, com personagens fictícios)

"RANDÔMICOS" - a origem de Gericault, andarilho dos olhos prateados, e um breve debate sobre Destino, Acaso e Morte.

"KÉRAMUS E O POTE DE VENTO" - a história do mago mais poderoso de Heshna, e de como ele consegiu encher um pote com vento.

"JUSTIÇA" - conto policial com Shade, um detetive levemente amargo.

"MUUNAITE III, DE PARTI" - 2 amigas batem um papinho na festa mais boyplay da cidade.

"TAO, O NOME" - conheça TAO, o maior jogador de videogame de todos os tempos.

"O SONHO DE TAKASHI" - o primeiro conto lodista! Pode Takashi lembrar-se de seu sonho e sua idéia ao mesmo tempo?

"PISANDRO" - um professor de História relembra sua juventude, seu amor perdido, e suas desavenças com Deus e o Destino.

"O EVANGELHO SEGUNDO K. C." - dois senhores discutem música e religião num futuro próximo. Bom, não tanto.

"NADA DEMAIS" - Nada demais mesmo. Juro.

"TAO - POR QUE LUTAR" - Tao, o rei dos games, revela algo do seu passado, e de como começou a jogar sério.

"BRINQUEDOS" - Os brinquedos de Joãozinho eram especiais: podiam falar e até mesmo brincar sozinhos! Ou será que eles estavam trabalhando?