terça-feira, janeiro 07, 2003
segunda-feira, janeiro 06, 2003
A BORBOLETA MAIS ESCURA PS: Veja vc! Eu ontem estava me lamentando pq naum ia poder dar as caras aki tão cedo, aí hj no trabalho encontro, pelo menos por enquanto, um deserto de gente e de tarefas. Exceto pelos caras furando a janela aki do lado e fazendo um barulho q mal se escuta o próprio pensamento, tá uma quietude inquietante. Vida estranha, vida inesperada...
Outra coisa q tbm ando lendo, além do Senhor dos Anéis e do Silmariolion, e a única q naum tem nada de Tolkien, é o vol. I do "As Máscaras de Deus", do Joseph Campbell. Desde o começo imaginei q este seria o mais chato dos 4 volumes da série, por tratar de mitologia antiga; ainda não posso dizer se estou certo, visto q só li o vol. II (mitologia oriental); mas mesmo assim a introdução já valeu o preço (q, diga-se de passagem, naum fui eu quem paguei;-)). Afinal, é uma introdução a todos os 4 livros, passando uma geral nas bases do mito, psicológicas, etnológicas e culturais, até pq ninguém sabe direito, e pelo visto nunca vai saber.
Essa tentativa pré-fracassada de traçar a linha entre psiquê, sócio-cultura e instinto animal na formação do mito foi a coisa mais interessante do livro até agora (umas 100 páginas). Por mais q Campbell insista numa indefinição, ou melhor ainda proponha uma mistura desta fronteira, já passa esclarecimentos e embasamentos suficientes para jogar por terra muitas noções antigas. A primeira, por exemplo, essa já muito velha e nada verdade já há muito meio derrubada, de q o ser humano nasce de cabeça lisinha, rasa, sem nada dentro, e q conforme vai crescendo vai colocando coisa lá dentro. Isto Kant mandou pro espaço há 2 séculos e meio, e deu base para Jung elaborar sua teoria dos arquétipos - vastamente utilizada por Campbell e, ao mesmo tempo, de certa forma, contestada por ele.
Jung dizia mais ou menos o seguinte: o ser humano não nasce liso, mas sim vazio; sua psiquê está fabricada por fôrmas, contornos, unidades de absorção de informação. Qdo a pessoa as recebe, preenche as fôrmas, dando-lhes conteúdo específico; assim, existe um contorno, por exemplo, da imagem materna, q na verdade não seria nem imagem nem materna, pois inicialmente nada conteria, mas frequentemente seria preenchido pela imagem da mãe biológica e de outras coisas mais ou menos fantásticas. Alegava Jung q estas fôrmas são o instinto natural q o homem, como animal, conservava, e q era a mesma coisa com todos os animais.
Campbell inicia uma contestação a esta hipótese citando uma experiência com filhotes de pássaros. Aos 2 dias de nascidos, mal enxergando, nunca tendo saído do ninho e nem visto nenhuma criatura viva além da mãe e dos próprios pesquisadores, os filhotes se encolhem de medo ao verem passar por perto uma réplica de metal de um gavião; ao passo q não reagem à diversas outras imagens, de animais ou aleatórias. É razoável concluir q há uma impressão gravada nos gens dos passarinhos, uma informação passada não pelo aprendizado, mas pelo instinto, de que akela forma alada é perigosa; e este tipo informação não pode ter vindo na qualidade de fôrma, ao menos não de maneira tão genérica como supunha Jung, já que os contornos teriam de ser mais vagos q a forma específica do gavião.
Claro, aki já estou extrapolando a partir do Campbell, mas aposto q se passarinhos inventassem linguagem e uma mitologia própria, gaviões teriam um lugar de destaque como monstros terríveis. E, não se sabendo o quanto uma herança destas pode durar, não me surpreenderia saber q os famigerados dragões, onipresentes na mitologia universal sobre um nome ou outro, têm origem semelhante num predador qquer, um lagartão gdinho como um crocodilo, uma cobra maior, ou quem sabe? Até mesmo os dinossauros, q talvez tenham caçado nossos ancestrais distantíssimos e nunca mais sumido do nosso DNA.
Mas ainda melhor q este exemplo, e talvez melhor até q a elaboração em cima da teoria da difusão cultural, que Campbell defende, e joga muitas luzes nas raízes de coisas como o mito da Atlântida e a cultura dita Ariana, é o lance das borboletas escuras.
Numa espécie x de borboletas, os machos costumam ser atraídos pelas fêmeas com as asas mais escuras. Não se pode definir bem de onde vem esta atração: pode ter origem social, instintiva ou um pouco dos dois. Mas o melhor é q, qdo os pesquisadores colocam entre as fêmeas uma réplica artificial muito mais escura q seria possível a um membro natural da espécie, todos os machos correm em direção a ela; não consigo pensar em metáfora melhor para o modo como funciona a atração sexual humana, ainda mais nos dias de hj.
Usando luzes artificiais, maquiagem, editor gráfico e, mais recentemente, toneladas de cirurgias, é possível forjar a imagem de seres sobrenaturalmente bonitos - q não chegam nem a ser tão bonitos assim pessoalmente, mas não importa. É a imagem deles, nos outdoors, nos cinemas e revistas, gigantescas (nem q aparentemente apenas) e sobrenaturalmente belas, q importa, q atrai as pessoas (não só os machos) como borboletas atrás da asas impossivelmente escuras. Um instinto, ou impulso cultural, ou os dois, q leva à busca do inalcançável, ao desejo do inexistente.
posted by Heitor 5:13 PM
TÃO PERTO, TÃO LONGE Voltei de um tempo agradável em Cabo Frio na sede de: a) jogar mais PS2, b) escrever bastante. Até ontem estava fazendo as duas coisas, botando 5 páginas de teses em cima dakela velha discussão aki do blog (q só vou publicar qdo estiver inteira e ajeitadinha) e detonando o Senhor dos Anéis no PS2.
Infelizmente a chapa está esquentando na faculdade e no trabalho, temo q esta será uma semana infernal e que a partir de, bom, a partir do momento em q publicar este post provavelmente não vou ter tempo pra muita coisa, assim já adianto q minha frequênccia aki continuará um pouco baixa. Mas um punhado de coisas a declarar antes de fazê-lo:
Vi "Senhor dos Anéis: As Duas Torres" na estréia, pouco antes de viajar. Desnecessário dizer q é sensacional, mas colocando tudo na balança, acho q realmente o primeiro foi melhor. Na hora fiquei muito empolgado com a batalha de Helm's Deep pra fazer a comparação, mas tem uma série de motivos pelos quais acho q este saiu perdendo. (obviamente, ler daki em diante estragará muito o seu filme; detenha-se se ainda naum viu) Primeiro, um certo exagero na adaptação: os detalhes q Peter Jackson alterou ao passar o livro pra telona são quase todos compreensíveis, mas são muitos, muitos mesmo, nem vale a pena enumerar todos... Mas entre os mais estranhos, a presença dos elfos na batalha (no livro essa ajuda não existe); o banimento de Éomer, q tbm naum existe no livro; o conselho de Gandalf para q não fossem para Helm's Deep - qdo no livro ele insiste para isso, até pq defender um local como akele parece mais sensato q qquer outra coisa; a ida de Frodo a Osgiliath, seu encontro com o Nazgûl e, mais importante, o final antecipado: o filme acaba mais ou menos no q seriam 2/3 do livro. Lógico q Jackson fez isso claramente pra deixar o melhor pro final, e acho sensato especialmente da parte da aventura de Frodo, q no livro consiste basicamente de tempo psicológico, ao passo q no final do 2° livro ele enfrenta uma dura batalha.
Enfim, além disso, não me agradou o modo como Gimli fou usado, como comic sidekick: caindo do cavalo, ficando embaixo de worgs, etc. No livro Gimli era realmente engraçado, mas não por ser trapalhão, e sim por brigar com todo mundo e ser um rabugento de uma figa; ele não caía do cavalo pq não admitia ser carregado por um. Acho q o personagem poderia ter sido usado dessa forma sem ter perdido o charme. Achei o Faramir muito estranho, tbm; no livro ele é um personagem carismático, simpático até, cheeguei a torcer por ele lá pelos fins do 3° volume. Mas no filme está com mais cara de mal q o próprio Boromir - este sim, deveria ter cara de mal, mas no filme parece só boboca, mesmo. E os Nazgûl? Bem, camaradas, apesar de tocar terror com suas novas - e maneiríssimas - montarias aladas, eles fogem de medo pq levaram uma flechinha! Uma flechinha de merda! Já tinha ficado meio pasmo com eles fugindo do Aragorn mesmo estando em cinco contra um no primeiro filme (no livro, eles fogem é do próprio Frodo, q usa uma antiga prece élfica!), depois apanhando pra Arwen (no livro, era o Elrond quem fazia isto, q no quesito poder leva uns 3000 anos de vantagem). Agora não tenho mais respeito nenhum por estes 9 frouxos. Espero q o último filme me surpreenda, mas sabendo o final do livro, duvido muito.
Bem. Com essa brincadeira de ver o filme, estar relendo o livro, jogando o jogo e ainda ganhar o Silmarillion de natal, estou num furacão de Tolkienmania e muito feliz com isso: é preciso reler essas coisas pra se ter uma noção do qto se eskece delas, e melhor ainda, pra entender melhor o sentido delas. É gigantesco, é épico, é mítico, é metafórico, é o foda pra caralho. Se vc não leu, leia; se já leu, aproveite e dê uma espiada de novo, nem q não leia tudo.
E... Cabo Frio. Bem, CF estava levemente diferente, com umas reformas na beira da praia e do canal, com alguns sinais extras nas ruas maiores, um show de fogos na virada ddo ano parecido pacas com o daki... mas basicamente a mesma coisa. O q foi ótimo, pq pra dizer a verdade eu já estava era morrendo de saudades de sair na noite pra andar e beber: subir até o Malibú, jogar um fliperzim, beber um tanto com a galera, voltar pro canal, beber mais um pouco, andar de novo até uma lanchonete, comer e então andar até em casa pra tomar uma coca-cola, recheando as veias de um pouco de glicose e deixando os pés descalços formigando um pouco no chão gelado antes de ir pra cama. E sentir a areia macia da praia das Dunas, ver o pôr-do-sol sobre as salinas em frente ao condomínio, e tirar um cochilo nakela rede q é pelo menos tão velha qto eu.
Mas principalmente, acima de tudo mesmo, é bom fugir do telefone. Não suporto mais o telefone de casa; estou com vontade de quebrá-lo a cada 3 vezes seguidas q alguém liga - o q acontece o tempo inteiro, de preferência qdo estou fazendo algo q requer concentração, como jogar videogame, escrever, estudar ou dormir, especialmente este último. Eu nem devia reclamar tanto, pq realmente muitos amigos meus costumam ligar (apesar de, sinceramente, não serem mais do q 1/3 das chamadas, sendo a imensa maioria ddirigida à Jú); mas q enche, enche.
Argh. De volta ao direito tributário. Se conseguir pegar muito material hj, talvez ainda consiga jogar antes de dormir... quem sabe.
posted by Heitor 9:32 PM
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Heitor Coelho, na casa dos vinte, atualmente no limbo entre bacharelado e advocacia, magalômano, ponto focal de convergência de interesses esdrúxulos, frequentemente confundido com Hector Bonilla, acredita em dialética, astrologia e robôs gigantes.
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PS: Parei com aquela porcaria de legenda, aquilo dava muito trabalho...
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"APRENDIZ DE FEITICEIRO"- este é dos velhos. Magos infestam um futuro apocalíptico(q, aliás, já passou;-)).
"O ARNALDO É LOUCO" - crônica escolar, sobre meu antigo professor de matemática.
"OS DIAS NEGROS DE KRYNN" - ainda mais velho, meu primeiríssimo. D&D puro, se vc num gosta, fique longe.
"DEZ REALIDADES" - coletânea de dez pequenos contos ligeiramente interligados.
"DESCRENÇA EM 6° CÍRCULO" - menos D&D q Dias Negros, mas muito maior. Velhos companheiros de aventura reencontram-se, agora como inimigos.
"É, MAURÍCIO..." - o trágico fim de Maurício Razi?
"A TERRA DA DEUSA FURIOSA" - uma expedição rumo ao desconhecido e um final inusitado.
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"MATRIZ" - pequena sequência de estórias passando-se na Casa da Matriz, aki no Rio.(antes q vc pergunte, com personagens fictícios)
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"NADA DEMAIS" - Nada demais mesmo. Juro.
"TAO - POR QUE LUTAR" - Tao, o rei dos games, revela algo do seu passado, e de como começou a jogar sério.
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