sexta-feira, fevereiro 28, 2003
segunda-feira, fevereiro 24, 2003
A HERANÇA DE DOIS MUNDOS
Terminei o "Máscaras de Deus, Vol. I" hj. Na verdadem tudo q o Campbell faz é via de regra bom a todos os momentos - exceto qdo ele enumera os tipos de cêramica vigentes na conchinchina no período Aurinhacense, etc. Agora, as conclusões dele são sempre um troço impressionante.
Suas demonstrações de como a herança xamanista chegou até nosso tempo, como representante da força de vontade e poder criativo individual, em oposição à ordem cósmica dos agricultores, são no mínimo tocantes, assim como entre os mesmos xamãs e o caçador "honesto", como Campbell o chama.
O xamã, vivendo a vida na tribo nômade caçadora, era um dos poucos homens - talvez o único - de visão mística e de espírito forte numa sociedade de valores primordialmente masculinos e, no máximo, 100, 150 indivíduos. Cumpria a função de guia, tanto espiritual e religioso, quanto cultural, e de estabelecedor do sistema, apesar de permanecer para sempre isolado; mas seu poder de vontade era tanto, que muitas vezes poderia desafiar a todos seus pares e permanecer inatingido, como Igjugarjuk, o xamã esquimó pesquisado por H. Ostermann, apesar de ter assassinado diversos membros de sua tribo, jamais foi perseguido por nenhum.
Já o sacerdote, ou ainda, primordialmente, a sacerdotisa, pois desconfia-se com razão que as primitivas sociedades agricultoras eram matriarcais, não partilhavam desta independência, nem desta flexibilidade. Eles viviam numa sociedade maior, de cerca de 400 ou 500 pessoas, mas mais que isso, numa sociedade onde a fortuna e a bonança não eram definidas por uma boa caçada ao alvorecer, mas pelos ciclos intermináveis de morte e renascimento das plantas. A estes, nenhuma vontade podia se opor.
Com o tempo, a influência nômade diminuiu, mas nunca se extinguiu - permaneceu para sempre na cultura humana, um ocasional impulso criativo individual e individualista contra a ordem pré-estabelecida. Pois agora, na Era Moderna, o poder da Ciência libertou-o dos grilhões, tal qual um Prometeu ou Loki; e agora mais uma vez o indivíduo, apesar da imensa resistência da herança agricultora, tem mesmo, realmente, o poder de, através da ciência, a magia tornada realidade, alterar o mundo. Esta Herança de Dois Mundos é, também, a culpada por uma cultura moderna indefinida, desarmônica até, especialmente num plano individual, onde o Homem moderno não sabe se abraça a ordem cósmica de Zeus ou o fogo de Prometeu, não sabe se prefere o estável e seguro ou o emocionante ou o arriscado.
Aí está a divergência da qual tanto falei anteriormente, quando discuti os Livros da Magia, entre os Magos e as pessoas comuns, na verdade a mesma divergência que já havia entre os caçadores comuns e os Xamãs há milhares e milhares de anos; talvez a mesmíssima divergência que existe entre, digamos, um operário e um artista plástico, ainda que ela esteja na verdade vinculada não à suas profissões, mas em realidade a suas visões de mundo: progressistas e conservadoras, "os de mente estreita, insensíveis (ao arrebatamento e aos mistérios da psiquê), representando o inerte e o reacionário, e os de mente aberta, sensíveis, representando o impulso progressivo de vida", nas palavras de Campbell.
Muito claro a respeito disto é o Zodíaco, também, não só quando divide seus signos nas duas polaridades: "ativa" (fogo, ar), de signos primariamente masculinos, desafiadores e criativos; e "passiva" (terra e água), de signos ditos femininos, de aceitação e profunda compreensão da ordem cósmica do mundo; mas também, e especialmente, em relação a Sagitário, um dos 3 signos duais (além dele temos Gêmeos, seu oposto, e Libra, a dualidade em si). Sagitário é, ao mesmo, tempo, signo da liberdade, das viagens, da filosofia com sua lógica humana, e de Deus, da religião, do Dogma, e do homem aceitando seu papel no mundo de Deus. Sagitário é a incorporação deste conflito, entre Deus e Homem, entre Zeus e Prometeu: ele tem a capacidade criativa, tem o ímpeto para utilizá-la, mas no fundo no fundo, sabe que vai acabar numa pedra com o fígado comido por um abutre todos os dias, e teme isso mais que tudo, pois é, como Quíron - cujo mito explica a origem da Constelação de Sagitário - acima de tudo um amante de sua própria liberdade.
Outra figura que frequentemente associo a Sagitário, apesar de ela não demonstrar traços da personalidade típica do signo, é Terra, de FFVI, q afinal é, literalmente, herdeira de dois mundos (como aliás é muuuuito frequente, quase universal em todos os mitos), tanto num plano genético, por ser filha de Espers e Humanos, mas num plano psicológico, por estar para sempre presa a seu papel no mundo, qual seja o de sua provável salvadora, mas não querer nada mais do que buscar um lar, uma família, alguém para amar e, enfim, ser feliz. Ela afinal compreende que a liberdade para viver sua vida está atrelada a seu dever e seu papel na ordem cósmica das coisas, que um deriva do outro, ou ambos são um só.
Ou como disse Campbell, encerrando seu Vol. I de "As Máscaras de Deus": "Pois a mente humana, em sua polaridade entre o modo masculino e feminino de vivenciar, em suas passagens da infância para a vida adulta e velhice, em sua rigidez e sensibilidade e em seu contínuo diálogo com o mundo, é a zona mitogenética primordial - a criadora e destruidora, a escrava e, no entanto, a senhora de todos os deuses."
posted by Heitor 4:24 PM
Duas bobagenzinhas pra vcs visitarem se quiserem:
Primeiro, se vcs querem ver alguma coisa q de tão deprimente é engraçada... vejam isso!
Só de pensar q esses caras existem já é ruim. Ver eles passeando pelo Empório como se fossem normais é TRISTE!
Segundo: a revista Time fez uma enquete pra saber qual país é considerado a maior ameaça à paz, Iraque, Coréia do Norte ou EUA. Adivinhe quem está ganhando? divirta-se votando aqui.
posted by Heitor 11:37 PM
Atualizado quando eu quero e foda-se!
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Bem-vindos! O blog mudou de hospedeiro, mudou de cara, largando aquela coisa de template temático, mas continua a mesma parada tosca.
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Heitor Coelho, na casa dos vinte, atualmente no limbo entre bacharelado e advocacia, magalômano, ponto focal de convergência de interesses esdrúxulos, frequentemente confundido com Hector Bonilla, acredita em dialética, astrologia e robôs gigantes.
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