sexta-feira, maio 07, 2004
A RESIDÊNCIA CAVALLET E O FIM DO MUNDO PATRIARCAL Essa relação tempo-espaço que se costuma fazer é a coisa mais razoável do mundo. Não é só porque o espaço permite perceber o tempo e vice-versa, é pq os lugares e coisas simplesmente são outros. Não é só "eles mudaram", pra quem não esteve lá pra presenciar a mudança eles não mudaram porra nenhuma, são outra coisa e tá acabada, a identidade sumiu.
Minha Curitiba não tinha McDonald's, só tinha um Shopping enorme cheio de brinquedos e não meia-dúzia deles, e tinha gosto de autorama, cabo teleférico, transformers e comandos em ação; e o colégio era enorme e todas as crianças estudavam nele, e todas as pessoas adultas eram legais, e a garotinha ruiva da minha sala sorria pra mim, e shows com milhares de pessoas debaixo de chuva eram coisas de adultos estranhos. A Curitiba onde estou hoje é esse lugar pequeno de shoppings apertados, ônibus caro, sem crianças, com show, que cheira a Radiohead, Joseph Campbell e longas caminhadas debaixo de chuva. Alguns me dizem q é a mesma cidade, mas se não fosse o Santa Maria e o prédio da Mateus Leme, onde morei, juro que não acreditava.
Acho que foi esse gosto de Joseph Campbell que clicou alguma coisa na minha cabeça (preciso conseguir o resto do Máscaras de Deus um dia desses), teorias sobre os conflitos sexuais na pré-história, poder do espírito e o caralho a quatro.
Tem um trecho muito foda do Mitologia Primitiva - tem muitos trechos muito fodas - onde o Campbell descreve como/porque imaginava o matriarcado como uma necessidade absoluta nas primeiras comunidades agrícolas. Primeiro e óbvio, porque as mulheres quase certamente descobriram a agricultura. Mas segundo, e aí é que morava a grande sacada, porque sendo uma parte mais ativa do ciclo da vida, a geradora, e sendo, na comunidade agrícola, o ciclo da vida a coisa mais importante, a mulher tinha a autoridade espiritual e moral de quem sabia do q estava falando. "Nós é quem portamos o sangue da vida, carregamos a vida no nosso ventre, nós temos os sopro divino, nós somos fodas, vocês não sabem de nada, agora calem a boca e vão lá pegar carne de boi pra gente", essas conversas.
Até o homem se ligar que aquela porra que o pau dele cuspia durante o sexo não era só enfeite e começar a reação foram séculos - até pq só a porra nunca deu autoridade moral nem espiritual pra ninguém, nem naquela época. O que salvou o homem do matriarcado foram as fraternidades: se organizar quando as mulheres não estavam olhando, bolar um ritual maluco aqui e ali que servisse como rito de passagem ou pra gerar consciência espiritual (no estilo de arrebentar os próprios pênis pra q jorrasse sangue como uma vagina) e, principalmente e acima de tudo, jurar fidelidade à fraternidade acima de tudo, fazer de seus amigos e daquelas reuniões estúpidas pra organizar qquer rito idiota de lua em lua a coisa mais importante do mundo. Funcionou q foi uma blz. As mulheres continuaram por séculos e mais séculos se engalfinhando entre si por qquer besteira, e os homens se reunindo de domingo em domingo pro churrasquinho com futebol, baralho, xadrez, RPG, formando fraternidades a nível consciente ou inconsciente, chamando seus grupos por nomes estúpidos como "Templários", "Maçonarias", ou "QG", aos quais devem lealdade acima de qquer coisa - principalmente mulheres. Há exceções, sim - akele sujeito "vacilão" q eskece dos amigos pra passar o tempo com a namorada mas, bem, ele logo se torna um pária que precisa ser recuperado; na maior parte os caras acertam em si quem vai chegar em quem, e se a moça solta o ultimato "ou eu ou seus amigos", ele vai sentir muita saudade dela, mas só lamento.
Sentar aki na residência Cavallet e visitar a hp da ATA, ou ouvir as residentes ao telefone é prestar atenção aos prenúncios de q o patriarcado está mesmo prestes a ruir.
O Veríssimo teoriza q o primeiro prenúncio disso teria sido a inseminação artificial, q torna as mulheres independentes - e, acrescento aki, está tirando de novo toda a autoridade espiritual dos homens. Pode ser q ele tenha razão, mas mesmo a inseminação artificial não chega perto do perigo apresentado pelas fraternidades femininas.
É isso aí, elas existem. As mulheres de hoje ainda não acharam um equivalente ao churrasco de domingo, mas dão até nomes idiotas aos seus grupos de amigas, fazem concursos, montam sites, vão sozinhas papear em, boteco, e são fiéis ao grupo mais do q a qquer homem; não ficam mais se estapeando por qquer coisa, nem mutuamente se traindo - acertam calmamente quem pega quem, e vão curtir a vida com os primeiros otários que aparecerem; se algum deles marcar bobeira e tentar se grudar em uma, ela passa pra debaixo da saia e segue fazendo o q quer, azar o dele. Quem é laçado por um compromisso e larga as amigas é "vacilona".
Nossa última vantagem está indo pro saco, camaradas; o patriarcado já está até dando saudade. Tamo lascado.
posted by Heitor 4:34 PM
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Heitor Coelho, na casa dos vinte, atualmente no limbo entre bacharelado e advocacia, magalômano, ponto focal de convergência de interesses esdrúxulos, frequentemente confundido com Hector Bonilla, acredita em dialética, astrologia e robôs gigantes.
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