sexta-feira, agosto 13, 2004
quinta-feira, agosto 12, 2004
Mas pra quebrar mesmo a barreira entre a tristeza e a alegria, fazer os dois misturados numa coisa só, ela teria que compor alguma coisa mais ou menos assim:"Let's talk about something else
I'm starting not to see myself
She went so far away
But I still see her everyday
Nothing
Let's talk about something else
Can't see myself with anyone else
Please oh please
Let's talk about something else
Before I cry....
Waa, waa, waaaaaShe can't see me, but I can
I guess I am the invisible man
She can't see, what could be,
Nothing hurts worse
Than being nothing
The invisible man
Some things are hard to understand
The invisible man
Nothings worse than turning into"- The Aquabats, "The Story of Nothing"
Essa banda é mesmo muito maneira. Imagino que a Fernanda deva fazer cover deles, de vez em quando.
posted by Heitor 1:11 AM
segunda-feira, agosto 09, 2004
HISTÓRIAS A gerente continuou chamando Roberta pelo nome do outro lado do corredor, mas ela não ouvia mais. Não como se costuma ouvir. Ela tinha esta coisa, que não conseguia evitar que acontecesse de quando em quando: pegava-se vendo sua própria vida como um filme de Woody Allen. Dizem que no mundo contemporâneo todo mundo faz um filme da própria vida, mas ela não fazia de qualquer jeito: pensava em todos os takes, selecionava os ângulos e os cortes de cena, tudo pra deixar sobressair as tiradas cômicas, até porque sua vida já era cheia delas. E, quando não enchia, ela se encarregava de dar um empurrãozinho, uma piadinha aqui, afinava um pouco a voz, chegou mesmo a arranjar uma neurose nos momentos mais enfadonhos. Tinha vários nomes para filmes com trechos importantes, e outros nem tanto, de sua vida.
Já Ilma não gostava tanto de filmes quanto de seriados. Ela nunca admitiria a ninguém, nos dias de hoje, ter visto Dawson’s Creek e My So-Called Life, nem continuar a assistir coisas do gênero; meio escondida em casa, não perdia um episódio de One-Tree Hill. Gostava de rememorar pedaços da vida como episódios de um grande seriado. Nem todos os anos mereciam temporadas próprias, mas muitos sim. Tinha aberturas diferentes para cada uma delas, até agora seis, começando pela segunda série do segundo grau, todas puxadas por músicas dos Foo Fighters. Também não dizia a ninguém, mas as únicas coletâneas que já tinha montado em CD eram, na realidade, a trilha do seriado.
Rogério ficou anos preso ao formato de The Wall, antes de tentar fazer outros videoclipes em sua mente. A maioria deles, dali em diante, era de animação, e a cada dia tornavam-se mais e mais delirantes, distantes do seu dia-a-dia. Já não conseguiria traduzir sua vida em nada que não acordes e traços, cores e riffs de guitarra.
Raphael pensava sempre num romance, capítulos, sub-capítulos, divisões por asterisco. Variava de estilo de uma maneira que qualquer editor consideraria inviável para uma mesma história, e que ele mesmo se negaria a colocar ao lado de seus outros escritos fictícios. Ficava feliz quando se lembrava de como este ou aquele período tinham mesmo introdução, desenvolvimento, clímax e resolução, tão direitinho, que só podia ser um privilégio guardar para si sua própria vida.
Nadia estava com um problema. Via a vida como uma novela de TV e, como nas suas preferidas, o episódio final tinha sido seu casamento, com um pequeno epílogo para o nascimento de seu terceiro filho. Não sabia mais o que fazer. Engordara quatro quilos em duas semanas.
Charles gostava apenas dos números e das imagens. Passado o três, vinha o quatro, passados os copos, as espadas, passada a morte, temperança. Reduzia os eventos a números e elementos, ciclos de dez, ciclos de vinte e dois, ciclos de setenta e oito, tolos aparecendo de surpresa. O baralho era a única história de que ele precisava.
Íris via séries em anime. Tinha muitas versões para seu próprio character design, variando com o modelito, a época da vida e o local frequentado, cada um gerando um seriado diferente. Um elenco principal para as aulas de dança, outro para as da escola, a faculdade, o trabalho, as convenções, seus encontros. Neles, via brotarem gotas de suor das pessoas envergonhadas, e elas caíam para trás frente a qualquer surpresa, e agitavam muito as pernas e braços, perdiam os narizes, falavam naquela alternação medonha entre grito e murmúrio que é o típico de um dublador japonês. Estava certa de ter amadurecido tremendamente quando se pegou imaginando uma série protagonizada por outra pessoa que não ela mesma - aconteceu pela primeira vez com Alessandro, antes mesmo que começassem a sair juntos, quando ele era apenas seu professor.
Para Luís, era mais como um videogame. Não tinha gênero preferido, deixara que a evolução dos consoles e as flutuações de seu gosto ditassem a narrativa. Já passara pelos bonecos cabeçudos dos RPGs de oito e dezesseis bits, que se expressavam através de um conjunto variável de poses, chutavam objetos, pulavam de alegria e, na tristeza, atiravam-se ao chão como se tivessem poucos pontos de vida. Tinha tido uma fase de jogos adventure da LucasArts, lembrava-se de uma cena e imaginava o comando apropriado, que teria usado naquele momento para apanhar objetos ou conversar com alguém. Chegara às poses e impropérios gritados pelos personagens bem-desenhados dos jogos de luta, com suas estórias contadas em quadrinhos. Tinha tido dificuldade em adaptar-se à geração CD, com seus longos filmes, mas depois de ganhar o costume passou a idolatrá-la. À cidade onde morava, conferiu o ar soturno de uma Midgard, às pessoas adicionava trajes mais estilosos, fazia com que uma brisa forte e sinistra soprasse pelas esquinas. Quando sua mãe morreu, imaginou-a sepultada num lago, rodeada de flores, afundando devagar.
Jorge era como um meio-termo entre ele e Íris, com o acréscimo de cenas de ação e muito kung-fu. Desejava ardorosamente que sua vida envolvesse mais lutas e duelos emocionantes, embora também temesse ambas as coisas terrivelmente.
Maurício tendia a imaginar as reportagens a seu respeito nas revistas de famosos, de política e de economia. Tinha muito apreço por sua intimidade, por isso preferia notícias discretas, pé de página, pé de coluna social; mas sorria satisfeito ao pensar nelas, sozinho em sua cobertura, bebendo qualquer bobagem.
Angela via com mais frequência histórias em quadrinhos, puxando forte para o estilo Neil Gaiman; um Terry Moore, quando mais alegre. Achava mais fácil expressar significados nas palavras pela posição dos balões, estilos das fontes e negritos ocasionais, e preferia deixar em branco o espaço entre um movimento e outro de cada participante. Gostava de alternar falas confusas com respostas diretas, e adorava quando havia um silêncio indizível entre uma coisa e outra - o suficiente para preencher um quadrinho. Aos poucos, conseguira gerar um vocabulário único para si, e tinha até imaginado um estilo de balão de fala próprio, talvez um pouco parecido demais com o de Delírio, mas não o suficiente para que isto lhe importasse.
Cristovam não conseguia mais ver as histórias; não desde que ela tinha morrido.
Eduardo também tinha perdido fazia tempo aquela capacidade. As palavras e imagens fugiam-lhe sempre, ou talvez ainda não existissem os termos de que ele precisava, ou problemas dos quais ele pudesse falar. Espionava e bisbilhotava seus amigos e vizinhos em busca das histórias, mas nada disso afastava o vazio angustiante de sua vida.
Ana visualizava espetáculos de dança, não aquela porcaria modernosa que a ensinavam - visualizava ballets clássicos, grandiosos. Via passos, ritmo e instrumentos típicos para cada pessoa, cenários para cada momento, atos e espetáculos para cada época. Quando encontrava-se com um rapaz, mais tarde não pensava nas conversas, mas guardava os detalhes dos beijos e das carícias, traduzia-os na fórmula do pas-de-deux: dançavam juntos um pouco, depois solo dele, solo dela, juntos de novo. E as despedidas pareciam-lhe muito melhores, quando não eram nada além de um fechar de cortinas.
Alessandro por sua vez não gostava de filmes, nem de desenhos, nem de dança, preferindo o que designava de genuidade do teatro. Transformava os eventos em comédias, rapsódias e, especialmente, tragédias, que alternavam agilmente da declamação ao diálogo acelerado, o bate-rebate, com um gosto especial pela mistura da gíria com o rebuscado. E a todas suas peças, independente de gênero, dava finais tristes, e a todos seus protagonistas, o equilíbrio necessário para a identificação com o público, pensando em seu íntimo que podia ser qualquer um ali, vestindo seus sapatos. E sentia falta absurda de um coro para fazê-lo companhia quando se lamentava.
Não Fernanda. Ela tinha, enfim, se livrado do abismo que separava sua vida e sua linguagem, sua tristeza e sua alegria. Através da batida acelerada e do som gritante dos metais, ela tinha finalmente encontrado o meio e o propósito para seguir adiante, compondo e tocando para viver, vivendo para compor e tocar. Ela não guardava mais os pedaços especiais de sua vida: compartilhava-os com todos seus ouvintes, e mesmo que eles não soubessem exatamente do que se tratava, mesmo que ela ainda usasse aquela máscara de gravata, suspensório e óculos escuros quando subia no palco, tinha certeza que de alguma forma entendiam. Por isso, nem aos momentos estáticos, entediantes de sua vida ela dirigia seu desprezo: sabia que era neles que as histórias se repassavam e se transformavam, para afinal retornarem não mais histórias, ou não apenas histórias, não mais exclusivamente dela; mas arte.
posted by Heitor 3:40 AM
Algumas coisas a dizer por dizer.Primeiro, em matéria de Homem-Aranha: Videogames 2 x 0 Cinema. Da primeira vez foi apertado, dessa foi um passeio. Na boa, ainda estou tentando entender o q todo mundo viu em HA2, o filme. É legalzim, mas ainda tem precisamente os mesmos defeitos do primeiro: muito melodrama, poucas piadas, um Peter Parker muito pamonha... naum gostei de passar o filme inteiro de novo sem ver o Homem-Aranha zoar os inimigos uma única vez. Existe humor no filme, mas não vem dele. Nas lutas vc sabe exatamente qdo é uma animação em computador e qdo é o cara; tá, claro q as lutas são legais, mas até aí... o jogo é muito mais maneiro, pelo menos é computador o tempo todo. Ficar passeando de teia em teia por Nova Iorque é o q há. Não vou me estender: HA2, o jogo, é o jogo de homem-aranha com q sempre sonhamos; nunca a sensação de se balançar pelos prédios e pendurar capangas nos postes enquanto fazemos piadinhas com eles foi tão bem transmitida. Agora só faltam os rastreadores aranha.
Segundo, finalmente, eu disse sim, FINALMENTE acabei de ver Gundam Seed. Acho q, numa discussão lá na XGAM, consegui definir o q penso a respeito: em matéria de mostrar o horror da guerra, Seed dá um passeio em Wing. Vou estragar algumas surpresas nas próximas linhas, então tomem cuidado ao ler. Como um todo ela é muito superior, fica devendo só na parte da intriga - mas sinceramente, quem se importa? Nós queremos é sangue e metal retorcido, o q a série tem de sobra. As lutas de mecha são show, rápidas e inusitadas, e mais importante, de Gundam contra Gundam quase sempre - vc vai se cansar de ver Kira contra o quarteto Aegis, Blitz, Buster e Duel nas primeiras temporadas, mas mesmo depois q tudo se confunde fica bom, e na batalha final temos coisa de uma dúzia de Gundams passeando e trocando tapas. E o diferencial principal é: se vc é um personagem de Seed, ninguém se importa de vc ser um protagonista ou um piloto Gundam, marcou bobeira, dançou. Não chega a ser um Soldado Ryan, mas em comparação a outras séries de mecha é um banho de sangue, e nenhuma das mortes é bonitinha. Além disso a premissa de amigo contra amigo é mesmo muito forte.
Pontos altos:
- TODOS os robôs são FODAS.
- a sequência de lutas na saída de Orb - Kira desce o sarrafo em Isaac, Diakka e Asuran e mata Nicol; na revanche Asuran mata Tolle, e é claro a luta Asura x Kira, a melhor da série.
- A batalha final, um banho de sangue.
- "Eu quero lutar pra acabar com essa guerra!" "Vc acha q a guerra vai acabar só pq vc tomou parte dela?!"
- A própria idéia de engenharia genética, e toda a coisa dos Coordenadores, uma das premissas principais da série.Pontos Baixos: vai usar flashback assim na casa do caralho! Tem pelo menos 4 eps. q são flachback puro; em muitos momentos são bem usados, na maioria, não.
- Na verdade, na verdade, por um lado Asuran e Kira terminarem fazendo as pazes é um baita desperdício de potencial trágico...
- Ninguém quer ouvir a musiquinha da Lux.
- Kira chora feito uma menininha de 2 anos.
- Piores nomes de Gundams de todos os tempos: Freedom (blergh) e Strike Rouge (Gundam de mulher agora tem q ser rosinha??? fala sério!).Por último, eu queria dizer uma coisa aki só pra registrar mesmo. MAGE: THE ASCENSION É FODA. Acabei perdendo um tempão refolheando ele ontem sem motivo nenhum, como há muito tempo naum fazia, e isso só serviu pra me confirmar q é o melhor livro de RPG q já li. Estou falando da 2ª edição, q é a q conheço, o resto não garanto; mas é bom pra caralho! E não digo mais nada.
posted by Heitor 10:06 PM
Mais um post no Carrasco hj. Bem maior q o último, por sinal.
posted by Heitor 2:21 AM
Atualizado quando eu quero e foda-se!
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Bem-vindos! O blog mudou de hospedeiro, mudou de cara, largando aquela coisa de template temático, mas continua a mesma parada tosca.
BONILHA BLOG não é um projeto, não é uma experiência, é apenas um lugar onde posso escrever publicamente o que quer que ache interessante, para quem quer que ache interessante poder ler.
QUEM É VOCÊ?
Heitor Coelho, na casa dos vinte, atualmente no limbo entre bacharelado e advocacia, magalômano, ponto focal de convergência de interesses esdrúxulos, frequentemente confundido com Hector Bonilla, acredita em dialética, astrologia e robôs gigantes.
Se você tem algum comentário sobre esse blog, ou encontrou algum erro, link defeituoso, etc., por favor mande-me um mail
BREVE:
Xenosaga: Episode 2! Haradrynn! Tao 2! E mais referências pseudo-intelectuais do que você poderia contar nos dedos!
CONTOS DO BONILHA!
PS: Parei com aquela porcaria de legenda, aquilo dava muito trabalho...
CONTOS:
"APRENDIZ DE FEITICEIRO"- este é dos velhos. Magos infestam um futuro apocalíptico(q, aliás, já passou;-)).
"O ARNALDO É LOUCO" - crônica escolar, sobre meu antigo professor de matemática.
"OS DIAS NEGROS DE KRYNN" - ainda mais velho, meu primeiríssimo. D&D puro, se vc num gosta, fique longe.
"DEZ REALIDADES" - coletânea de dez pequenos contos ligeiramente interligados.
"DESCRENÇA EM 6° CÍRCULO" - menos D&D q Dias Negros, mas muito maior. Velhos companheiros de aventura reencontram-se, agora como inimigos.
"É, MAURÍCIO..." - o trágico fim de Maurício Razi?
"A TERRA DA DEUSA FURIOSA" - uma expedição rumo ao desconhecido e um final inusitado.
"NÉVOA PRATEADA" - a sequência de "Aprendiz de Feiticeiro".
"MOLHADO" - um assento de Ônibus molhado e muita realidade consensual.
"MATRIZ" - pequena sequência de estórias passando-se na Casa da Matriz, aki no Rio.(antes q vc pergunte, com personagens fictícios)
"RANDÔMICOS" - a origem de Gericault, andarilho dos olhos prateados, e um breve debate sobre Destino, Acaso e Morte.
"KÉRAMUS E O POTE DE VENTO" - a história do mago mais poderoso de Heshna, e de como ele consegiu encher um pote com vento.
"JUSTIÇA" - conto policial com Shade, um detetive levemente amargo.
"MUUNAITE III, DE PARTI" - 2 amigas batem um papinho na festa mais boyplay da cidade.
"TAO, O NOME" - conheça TAO, o maior jogador de videogame de todos os tempos.
"O SONHO DE TAKASHI" - o primeiro conto lodista! Pode Takashi lembrar-se de seu sonho e sua idéia ao mesmo tempo?
"PISANDRO" - um professor de História relembra sua juventude, seu amor perdido, e suas desavenças com Deus e o Destino.
"O EVANGELHO SEGUNDO K. C." - dois senhores discutem música e religião num futuro próximo. Bom, não tanto.
"NADA DEMAIS" - Nada demais mesmo. Juro.
"TAO - POR QUE LUTAR" - Tao, o rei dos games, revela algo do seu passado, e de como começou a jogar sério.
"BRINQUEDOS" - Os brinquedos de Joãozinho eram especiais: podiam falar e até mesmo brincar sozinhos! Ou será que eles estavam trabalhando?