quarta-feira, agosto 18, 2004
CANÇÃO I
- E porra, se era pra isso, aí preferia ter acertado só nós e a casa logo, e deixar os caras do "Sinapse" de lado!
- Mas é que é sacanagem com eles também, Dolfo.Fernanda era sempre assim, condescendente para com os irresponsáveis.
- É, eu sei que é, mas e com a gente, não é também?
- Não, é, é, claro que é. Mas foi mais azar, né?
- Eles deram mole!
- É, mas num foi azar?
- Foi azar também.
- Ah, deixa pra lá, Dolfo. Deixa.Fábio entrou na loja, mãos dadas com Laís. Olhou de rabo de olho para Fernanda, tomou um desvio, foi parar numa estante distante, de costas.
- Pra lá.
Silêncio incômodo. Adolfo demora a perceber a presença de Fábio, quando o faz passa a mão pelo rosto, olha de volta pra Fernanda.
- Caralho, nem oi, ele nem acenou, nem disse um oi. Não dá pra acreditar.
- Não, dá. Dá.
- Fico bolado com isso! Como ele pode ignorar a gente assim? Ignorar você assim? É muito escroto, não dá pra acreditar. Fernanda?
- Quê?
- Olha, pára com isso, larga essa cara. Ele não. Fernanda, você não merece isso.
- Não, eu sei, eu sei.
- Você sabe como ele é, viu como ele faz, ele faz isso com todas, é um escroto, pior pra ele!Pior pra ele sim, com certeza.
- Hm hm.
- Ah Fê, levanta, por favor, vamos sair daqui, não deixa ele te ver assim.Mas ele já tinha visto.
- Não, não precisa.
- Precisa sim, porra, levanta daí, por favor, pára de chorar. Escuta, vem comigo.Saíram da loja.
- Não adianta, entende? Não adianta insistir com esse sujeito. Não tinha como saber sem tentar, você tentou, ótimo, chega, acabou. O problema não é você, é ele, ele vai fazer a mesma coisa sempre, com todas, vai sumir e começar a ignorar a menina e voltar a ficar sozinho, e não se importar porque ele é um escroto! É isso.
- Não é isso. Ele não.
- Ah não, não argumenta comigo, Fernanda, eu não vou argumentar, não é disso que você precisa.Ele não era um escroto, era muito burro, mas não era um escroto. Fernanda não sabia, nem jamais saberia, porque ele agia assim, porque se afastava, porque fugia dela e de todas as outras, de todo mundo, daquele jeito. Mas muitas vezes, quando o abraçara mais forte, ela tinha tido a certeza de que descobriria, de que seria a primeira a perfurar aquela máscara, a curar a doença, fazer o sapo virar príncipe e todas essas metáforas bregas que se usa para quando alguém muda por amor. Chegou a pensar que seria especial, que ela mesma fosse especial.
- Você precisa sair de perto dele e ir comer um sanduíche.
Ela odiava pessoas que se achavam especiais. Claro que até aí ninguém odeia o que não conhece, mas alguns têm prazer em conhecer o que odeiam. Como querer provar o sanduíche de quiabo da sua vó, encostar num ferro pra ver se queima, tropeçar numa casca de banana pra ver se é engraçado, se apaixonar. E talvez...
Talvez em inglês tudo isso rimasse.
- Dolfo, me dá uma caneta, tô com uma música na cabeça.
Ela não se deu ao trabalho de limpar lágrimas para escrever: estava se livrando dos abismos.
posted by Heitor 7:38 PM
Atualizado quando eu quero e foda-se!
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Bem-vindos! O blog mudou de hospedeiro, mudou de cara, largando aquela coisa de template temático, mas continua a mesma parada tosca.
BONILHA BLOG não é um projeto, não é uma experiência, é apenas um lugar onde posso escrever publicamente o que quer que ache interessante, para quem quer que ache interessante poder ler.
QUEM É VOCÊ?
Heitor Coelho, na casa dos vinte, atualmente no limbo entre bacharelado e advocacia, magalômano, ponto focal de convergência de interesses esdrúxulos, frequentemente confundido com Hector Bonilla, acredita em dialética, astrologia e robôs gigantes.
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Xenosaga: Episode 2! Haradrynn! Tao 2! E mais referências pseudo-intelectuais do que você poderia contar nos dedos!
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PS: Parei com aquela porcaria de legenda, aquilo dava muito trabalho...
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"APRENDIZ DE FEITICEIRO"- este é dos velhos. Magos infestam um futuro apocalíptico(q, aliás, já passou;-)).
"O ARNALDO É LOUCO" - crônica escolar, sobre meu antigo professor de matemática.
"OS DIAS NEGROS DE KRYNN" - ainda mais velho, meu primeiríssimo. D&D puro, se vc num gosta, fique longe.
"DEZ REALIDADES" - coletânea de dez pequenos contos ligeiramente interligados.
"DESCRENÇA EM 6° CÍRCULO" - menos D&D q Dias Negros, mas muito maior. Velhos companheiros de aventura reencontram-se, agora como inimigos.
"É, MAURÍCIO..." - o trágico fim de Maurício Razi?
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"RANDÔMICOS" - a origem de Gericault, andarilho dos olhos prateados, e um breve debate sobre Destino, Acaso e Morte.
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